Variações Linguísticas

 Variações Linguísticas


        As línguas naturais não são puras ou homogêneas. Elas se constituem de inúmeras variações linguísticas, cada qual com sua particularidade. Contudo, por questões políticas, econômicas e sociais, algumas variações são bem quistas, enquanto outras são discriminadas. 

        As variedades linguísticas marcam a identidade de suas comunidades e são majoritariamente utilizadas nos ambientes familiares e sociais. As diferenças linguísticas estão atreladas a quatro fatores: a identidade do falante e do interlocutor, o contexto social e o julgamento do próprio falante em relação aos outros.


        A variação histórica refere-se às mudanças que determinada língua sofre ao longo do tempo:

No dia 3 do prezente mez, na guarda municipal, perdeo-se, ou furtarão do dedo de um dos indivíduos, quando dormia, que estava de guarda no mesmo lugar um anelão de ouro, todo lavrado, e com dous corações unidos dentro do círculo posto no lugar em qáele bota firma: pede se a quem for offerecido que não o compre; pois pretende-se proceder contra a pessoa em cujo se achar. Assegura-se ao Snr. que está deposse do dito anelão, que se o restituir se lhe guardará segredo da graça, ou antes da fraqueza, em que cahio. A pessoa que trocar o referido anelão nesta Typ. receberá 4$rs de gratificação. 

DIÁRIO de Pernambuco. Recife, 21 ago. 1849.


VARIAÇÃO GEOGRÁFICA/DIATÓPICA


A variação geográfica pode também se manifestar através de regionalismos, isto é, palavras que são comuns a determinadas comunidades




Fonte: https://www.todamateria.com.br/variacoes-linguisticas/

VARIAÇÃO SOCIOLÓGICA/DIASTRÁTICA: Classe Social


A variação sociológica relaciona-se a fatores quem têm a ver com a identidade dos falantes (classe social, idade e sexo).


A variação sociológica por idade é resultante da diferença de idade entre determinados falantes, sejam eles jovens ou mais velhos.



VARIAÇÃO SITUACIONAL/ESTILÍSTICA/DIAFÁSICA


Trata-se das mudanças linguísticas motivadas pela situação comunicativa, que podem exigir o uso da linguagem formal ou informal.

Linguagem informal, considerada menos prestigiada e culta, usada quando há familiaridade entre os interlocutores da comunicação ou em situações descontraídas.


  • Fala, garoto! Beleza?
  • Rola um cinema hoje?
  • Cadê Pedro? Cê viu ele?
  • A gente gosta dele.
  • Tá olhando pra onde?
  • Valeu, Luísa!

Linguagem formal, considerada mais prestigiada e culta, usada quando não há familiaridade entre os interlocutores da comunicação ou em situações que requerem uma maior seriedade.

  • Bom dia! Tudo bom com você?
  • Querem ir ao cinema hoje?
  • Nós gostamos dele.
  • Está olhando para onde?
  • Muito obrigada, Luísa!
Fonte: https://www.normaculta.com.br/variacoes-linguisticas/



RESUMO DAS VARIAÇÕES :

- Variação histórica/ diacrônica: diferenças linguísticas de épocas passadas;

- Variação geográfica /diatópica: regionalismos e sotaques de determinadas regiões; 

- Variação social/diastrática: modos de falar conforme a condição social do falante:

• classe social: variações pertencentes a grupos socioeconomicamente inferiores;
• idade: diferenças linguísticas conforme a idade dos falantes; 
• gênero: modos de falar característicos à pessoas de determinado gênero sexual;

 - Variação situacional/estilística: mudança na linguagem conforme o objetivo do texto:
 
▪ situação formal: utilização da variedade padrão simples ou culta; 
▪ situação informal: utilização de variações menos prestigiadas.


PRECONCEITO LINGUÍSTICO

    A diversidade linguística não coloca em perigo a língua portuguesa, pois tal fenômeno sempre existiu. Inclusive, a própria língua portuguesa é originária do latim vulgar, uma variação do latim clássico falada por soldados e agricultores analfabetos do Império Romano.
     Embora a variação padrão demore a sofrer alterações, as variações faladas no dia a dia estão constantemente suscetíveis a mudanças.
    O respeito pelas outras variações linguísticas não exclui a importância de aprender e dominar a variação padrão.


Referências: 


 - ALKMIM, Tânia Maria. Sociolinguística: Parte I. In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Ana Christina (orgs.). Introdução à linguística: domínios e fronteiras, volume 1. 9. Ed. rev. São Paulo: Cortez, 2012. p. 23-50. - CAMACHO, Roberto Gomes. Sociolinguística: Parte II. In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Ana Christina (orgs.). Introdução à linguística: domínios e fronteiras, volume 1. 9. Ed. rev. São Paulo: Cortez, 2012. p. 51-83. - CEZARIO, Maria Maura; VOTRE, Sebastião. Sociolinguística. In: MARTELOTTA, Mário Educardo (org.). Manual de linguística. 2. Ed. São Paulo: Contexto, 2015. p. 141-156. - BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico. 56. ed. São Paulo: Parábola editorial, 2015.

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Atividades sobre a letra da música Zaluzejo:




        Zaluzejo

                            O Teatro Mágico

Ah eu tenho fé em Deus, né?
Ai quando eu tô com algum pobrema eu digo
Meu Deus! Me ajuda que eu tô com esse problema!
Ai eu peço muito a Deus, aí eu fecho meus olhos, né?
Eu Deus me ouci na hora que eu peço pra ele, né?
Eu desejo ir embora um dia pra recife
Não vou porque tenho medo de avião, de torro, de torroristo
Ai eu tenho medo, né?
Corra tudo bem
Se Deus quiser, se Deus quiser
Graxite, vrido, zaluzejo
Eu sou uma pessoa muito divertida
Graxite, vrido, zaluzejo
Não sei falar direito
Graxite, vrido, zaluzejo
Não sei falar
Olhar no espelho depois que almoça entorta a boca
E o rádio diz que vai cair avião do céu
Senhora descasada namorando firme pra poder casar de véu
Graxite, vrido, zaluzejo
Não sei falar
Omovedor ajactu, sucritcho, leite dilatado, leite intregal
Pra chegar na bioténica, rua de parelepídico
Pra ligar da doroviária, telefone cedular
Graxite, vrido, zaluzejo
Não sei falar
Cuidado com o carejangrejo
Tem que tá esbeldi, não pode comer pitz, pra tirar mau hálito
Toma água do chuveiro
No salão de noite, tem coisa que não sei
Só não pode falar nada
Quando é baile de carnaval
E pílula de ontemproccional
Homem gosta de mulher que tem fogo o dia inteiro
Cheiro no cangote, creme rinsa no cabelo
Pra segurar namorado morrendo de amor
Escreve o nome num pepino e guarda no refrigelador
Na novela das otcho, torre de papel
Menina que não é virge, eu vejo casar de véu
De palaladi cadique
Tenho medo da geladeira, onde a gente guarda yogute
Porque no frio da tomada se cair água pode dá cicrutche
tô comprando um apartamento e o negócio tá quase no fim
O que na verdade preocupa é o preço do condostim
O sinico lá do prédio, certa vez outro dia me disse
Que o mundo vai se acaba no ano 2000 é o que diz o acalipse
Os preju do carajundu fugiram em buraco cavado no chão
Torrorista, assassino e bandido, gente que já trouxe muita dor
O que na verdade preocupa é a fuga do seucrostador
Seucrosta quem não tem dinheiro, quem não tem emprego
E não tem condução
Documento eu levo na proxeca porque é perigoso carregar na mão
Que não vai s na cebola e não vai s em feliz
Que o x pode ter som de z e o ch pode ter som de x
Acredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz
Eles não inventavam nada
Eu gostava de inventar as coisa
Não sei falar direito
Inventar uma piada, inventar uma palavra, inventa uma brincadeira
Não sei falar
Me dá um golinho
Me dá um golinho
Que estão ouvindo esta canção
Para entoar em uníssono o cântico: Omovedor, carejangrejo
Vamos aquecer a nossa voz cantando assim
Iô, iô, iô, iô, iô, iô, iô, eu digo
Omovedor, carejangrejo, omovedor, carejangrejo, omovedor!
Omovedor, carejangrejo, só isso que eu tenho pra falar falar!

Pigilógico, tauba, cera lítica, sucritcho

Pigilógico, tauba, cera lítica, sucritcho

Pigilógico, tauba, cera lítica, sucritcho

Tomar banho depois que passar roupa mata

Pigilógico, tauba, cera lítica, sucritcho

Quando for fazer compras no gadefour

Pigilógico, tauba, cera lítica, sucritcho

Quando fizer calor e quiser ir pra praia de cararatatuba

Pra não ficar prenha e ficar passando mal, copo d'água

Se você se assustar e tiver chilique, cuidado pra não morrer

Tenho medo de tudo que vejo e aparece na televisão

Mas quando alguém te disser tá errado ou errada

E eu sou uma pessoa muito divertida

E com muito prazer que eu convido agora todos aqueles


  Composição: Fernando Anitelli. 


1- Existem pessoas que falam da mesma forma que a senhora, que aparece no trecho falado no início da canção? Você conhece alguém que fala assim? É adequado falar dessa maneira? Comente sobre isso.

2- As pessoas precisam ser respeitadas pelo modo como elas falam. Entretanto, o modo de falar da senhora, que aparece no trecho falado no início da canção, pode prejudicá-la de alguma forma em alguma determinada situação? Explique.

3- As palavras apresentadas na canção existem no cotidiano ou foram inventadas? Exemplifique.

4- Leia a frase a seguir e comente expondo sua opinião sobre o assunto: “Acredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz”


Crédito das atividades: Professora Lucilene Sampaio (slides)

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